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Imigrantes resgatados no Maranhão contam que buscavam estudar e trabalhar no Brasil Um imigrante de Serra Leoa, Mucqtaer Mansaray, disse que se arriscou na viagem porque estava difícil pagar a universidade, além da guerra e do vírus ebola em seu país.

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Após uma viagem de 35 dias pelo Oceano Atlântico e terem ficado à deriva durante o percurso, os imigrantes resgatados no Maranhão contaram que vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor devido a situação que viviam.

A embarcação deles foi resgatada com auxílio de pescadores na noite deste sábado (19), próximo ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís.

Na noite em que chegou no Maranhão, Mucqtaer Mansaray, de Serra Leoa, falou que se arriscou na viagem ao Brasil por conta da dificuldade financeira em pagar a universidade. Ele se diz estudante de ciência da tecnologia.

“A gente trabalha e não tem maneira de pagar a ‘propina’. Por isso a gente veio pra cá porque a propina é melhor”, afirmou.

Mucqtaer Mansaray, de Serra Leoa, disse que se arriscou na viagem ao Brasil por dificuldades em pagar a universidade (Foto: Reprodução/TV Mirante)Mucqtaer Mansaray, de Serra Leoa, disse que se arriscou na viagem ao Brasil por dificuldades em pagar a universidade (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Mucqtaer Mansaray, de Serra Leoa, disse que se arriscou na viagem ao Brasil por dificuldades em pagar a universidade (Foto: Reprodução/TV Mirante)

De acordo com o comunicólogo angolano Osmilde Miranda, o termo ‘propina’ é utilizado em referência ao custo do pagamento de uma universidade em países africanos como Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Serra Leoa, entre outros.

“Propina é dinheiro. Não necessariamente de contrabando. O termo é normalmente usado em referência ao pagamento da mensalidade em colégio privado ou Universidades”, disse o comunicólogo.

Na tarde desta segunda-feira (21), Mucqtaer contou que veio ao Brasil por conta da realidade vivida em Serra Leoa nos últimos anos.

“Vim porque, no meu país, Serra Leoa, tivemos guerra. Depois da guerra, a chuva matou muita gente. Também teve ebola, a doença, e não houve possibilidade de pagar universidade”, explicou.

Mucqtaer finalizou contando o medo que passou na viagem, que está aliviado e pretende continuar no Brasil.

“Naquela hora estávamos com medo porque no lugar a gente só via sol e água. Então era duas coisas: ‘Era morrer ou viver’. (…) Graças a Deus, tudo está bem agora comigo. (…) Eu não sei se vou continuar vivendo no Brasil, mas graças a Deus tudo correu bem. Quero continuar aqui agora”, declarou.

Imigrantes africanos foram encontrados em barco à deriva por pescadores (Foto: Reprodução/TV Mirante)Imigrantes africanos foram encontrados em barco à deriva por pescadores (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Imigrantes africanos foram encontrados em barco à deriva por pescadores (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Elhadji Mountaka, de 36 anos, disse que chegou a ser atingido na cabeça pelo mastro da embarcação durante a viagem, e que precisou improvisar cuidados.

“Era umas quatro da tarde quando o mastro quebrou a minha cabeça. Eu tive que pegar água de mar e meter lá até parar o sangue. Se não tivesse resgate todo mundo iria morrer lá. A comida e a água iria acabar” afirmou Elhadji.

Elhadji Mountaka foi atingido na cabeça pelo mastro da embarcação durante a viagem (Foto: Reprodução/TV Mirante)Elhadji Mountaka foi atingido na cabeça pelo mastro da embarcação durante a viagem (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Elhadji Mountaka foi atingido na cabeça pelo mastro da embarcação durante a viagem (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Outro imigrante senegalês disse ainda que a vida em seu país não estava fácil e que deixou os pais para ajudá-los trabalhando e estudando no Brasil.

“Ia para São Paulo para trabalhar e estudar também. Ajudar a família em Senegal porque aqui é melhor”, contou.

Alojamento

Ginásio que está servindo de alojamento para os imigrantes que chegaram ao Maranhão (Foto: Reprodução/TV Mirante)Ginásio que está servindo de alojamento para os imigrantes que chegaram ao Maranhão (Foto: Reprodução/TV Mirante)

Ginásio que está servindo de alojamento para os imigrantes que chegaram ao Maranhão (Foto: Reprodução/TV Mirante)

O grupo formado por 25 africanos está hospedado em dois alojamentos no Ginásio Costa Rodrigues, no centro de São Luís. O local é equipado com camas do tipo beliche e ar condicionado.

Até o momento, os imigrantes passaram exames de rotina e apenas um caso de pressão alta foi identificado entre eles, segundo o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves.

“Todos eles passaram por exames de rotina e epidemiológicos. Foi identificado um caso mais grave de pressão alta. Depois os médicos descobriram também que uma das origens disso era o consumo de água de sal. Aí eles tomaram as medidas adequadas que conseguiu reduzir a pressão”, afirmou.

Imigrantes africanos recebem atendimento médico e estão alojados em um ginásio de São Luís (Foto: Carlinhos Pereira)Imigrantes africanos recebem atendimento médico e estão alojados em um ginásio de São Luís (Foto: Carlinhos Pereira)

Imigrantes africanos recebem atendimento médico e estão alojados em um ginásio de São Luís (Foto: Carlinhos Pereira)

O secretário também disse que os imigrantes devem ficar no alojamento até a próxima sexta-feira. Até lá eles serão cuidados e passarão por procedimentos administrativos.

“A previsão da Polícia Federal é que eles fiquem no até sexta-feira para passar por procedimentos administrativos. A polícia federal recomendou que eles permaneçam no local até que se conclua o procedimento administrativo e defina a situação jurídica deles no país”, informou.

Entenda o caso

25 imigrantes foram resgatados após ficarem a deriva no oceano (Foto: Arte/G1)25 imigrantes foram resgatados após ficarem a deriva no oceano (Foto: Arte/G1)

25 imigrantes foram resgatados após ficarem a deriva no oceano (Foto: Arte/G1)

No total, 25 estrangeiros vieram de barco de Cabo Verde ao Brasil, sendo 1 de Serra Leoa, 2 da Nigéria, 3 de Guiné e 19 de Senegal. Em depoimento à Polícia Federal, eles disseram que o barco partiu de Cabo Verde entre os dias 16 e 17 de abril.

Além deles, dois brasileiros que estavam no barco foram detidos e encaminhados para o centro de triagem do presídio de Pedrinhas de São Luís com suspeita de serem ‘coiotes’ e trazerem os imigrantes ilegalmente.

“A ideia era a entrada ilegal dessas pessoas em território nacional para finalidades diversas. Na gíria policial chamamos as pessoas que fazem essa entrada ilegal de coiotes”, afirmou o delegado delegado Luís André Lima Almeida, chefe da delegacia de Imigração da Polícia Federal no Maranhão.

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