Todos vamos à bomba abastecer de gasolina e gasóleo. E com maior regularidade do que gostaríamos. Mas sabe de onde vem o petróleo que dá origem aos combustíveis que usamos no dia-a-dia? Vem de longe.
Para os produtores de petróleo, não interessa minimamente se abastece o seu carro com gasolina ou gasóleo, pois tudo sai do crude que extraem do subsolo. Esteja ele quase à superfície ou a profundidades cada vez maiores, no fundo dos oceanos.
Antes de estar em condições para chegar às bombas, e daí para os depósitos dos 1,2 milhões de veículos que circulam no planeta – dos quais 284 milhões na Europa, o que dá a média de um veículo para cada dois europeus –, o petróleo passa por um processo de refinação que gera de tudo um pouco. Das torres de refinação saem os muito procurados gasolina e gasóleo, mas igualmente o combustível dos aviões, o GPL (gás de petróleo liquefeito) e até a matéria-prima que permite produzir lubrificantes – não os sintéticos, é claro –, e o próprio asfalto que reveste as nossas estradas.
Mas à questão original, sobre quem produz o petróleo de que tanto necessitamos, a resposta não é complexa. Mas é extensa, pois há produtores que nunca mais acabam. Concentremo-nos nos 10 maiores, sendo que, segundo a “Forbes”, o 1.º do ranking dos produtores de petróleo (produto associado aqui à energia equivalente da produção de gás natural) é, como não podia deixar de ser, uma empresa saudita. Com uma capacidade de extracção de 12 milhões de barris por dia (bpd), o que gera receitas superiores a 1000 milhões de dólares diários, a Saudi Aramco é a primeira da lista. E o futuro da família real está mais que assegurado, pois só o seu principal campo petrolífero gera diariamente 5 milhões de barris, e já arrancou o Shaybah, um megaprojecto cujas reservas se estimam em 15 mil milhões de barris de petróleo.
Da Arábia o ranking salta para a Rússia, uma vez que é a Gazprom e os seus 8,3 milhões de bpd que surgem na 2.ª posição, com a empresa controlada pelo Kremlin a gerar 40 mil milhões de lucros por ano.
Apesar de ter reduzido a sua produção, devido ao embargo resultante das sanções internacionais, o Irão continua a ser a pátria do 3.º maior produtor, com a National Iranian Oil Company a declarar 6 milhões de bpd, um pouco mais do que os americanos da Exxon/Mobil, com 4,7 milhões de bpd. Contudo, a empresa texana vai muito para além da produção, sendo igualmente como um dos maiores “traders” de petróleo, o que lhe permite facturar um total 400 mil milhões de dólares por ano e anunciar lucros de 40 mil milhões.
Na 5.ª posição surge a russa Rosnet, que dois anos antes era apenas a 15.ª. Produz 4,7 milhões de bpd e assume-se como a empresa “irmã” da Gazprom, também ela a suportar o governo russo.
O primeiro produtor chinês surge no 6.º posto, com a PetroChina, a maior das três empresas estatais que a China tem a representar os seus interesses neste mercado, a extrair 4 milhões de bpd.
Logo depois vem a BP, a antiga British Petroleum, com 3,7 milhões de bpd, que ainda se esforça para recuperar do embate causado pelo acidente no golfo do México. A mesma quantidade produz a Royal Dutch Shell, a anglo-holandesa que, muito em breve, vai ver os seus lucros dispararem assim que comece a prospecção no Alasca.
Do México chega a 8.ª produtora do ranking, a Pemex, com 3,6 milhões de bpd. Pertença do Estado mexicano, viu-se em 2015 a braços com uma quebra de 75% na produção do seu principal campo petrolífero, o Cantarell.
Já a 10.ª classificada é oriunda da Arábia: a Kuwait Petroleum Corporation (3,4 milhões de bpd), criada em 1934 por aquilo que hoje são a Chevron e BP, foi nacionalizada em 1975 e resgatada pelos americanos em 1990, após a invasão do Iraque pelas forças de Saddam Hussein.
Se analisarmos a lista por países, são os EUA que mais extraem petróleo – em virtude dos interesses que as empresas americanas possuem por esse mundo fora –, com 13,9 milhões de bpd (dados de 2014), seguidos da Arábia Saudita (11,6), Rússia (10,8), China (4,5), Canadá (4,3), Emiratos Árabes Unidos (3,4), Irão (3,3), Iraque (3,3), Brasil (2,9) e México (2,8). Muito estranha a boa 12.ª posição da Venezuela (2,6), sendo uma empresa estatal de um país com graves dificuldades económicas, bem como o 15.º lugar da Noruega (1,9), numa empresa em que 67% pertence ao Estado que, se por um lado aprecia o encaixa financeiro que a produtora de petróleo Statoil lhe assegura, por outro lado persegue os veículos com motores de combustão que consomem combustíveis derivados do petróleo. De salientar ainda a 16.ª posição da Angola (1,7) entre os produtores mundiais.
Substancialmente mais abaixo no ranking surge a Itália (com 169.000 bpd), em 40.º lugar, a Alemanha (160.000) no 41.º posto, Timor-Leste (76.000) em 54.º, Espanha (40.000) em 64.º e, por fim, Portugal (com apenas 7100 bpd) na 94.ª posição. Bem, por fim não será o termo mais correcto, uma vez que não é o nosso país que figura no final da lista, posição que é ocupada pela Etiópia, Hong-Kong e Zimbabué, empatados no 118.º lugar, todos eles com 100 bpd.