DESIGUALDADE SOCIAL
“A gente limpou, colocou as cobertinhas e agora ele dorme lá. Antes, dormíamos juntos e a gente levantava toda hora, com medo de machucá-lo.
Durante o dia, empresto para os vizinhos passearem aqui na comunidade. Tem muita criança aqui e é o único jeito de dar conforto a eles”.
O relato é do pedreiro Weslley de Oliveira Torres, de 27 anos, morador da comunidade Bom Retiro, em Campo Grande.
Ele abriu mão, temporariamente, da profissão para usar a própria carriola como berço.
A ideia ocorreu pouco antes do nascimento do Luan, com apenas 19 dias de vida.
“Meu marido teve a ideia e eu apoiei, principalmente porque não tínhamos condições de comprar as coisas para ele.
Nossa preocupação para dormir, pelo menos, diminuiu bastante. E, durante o dia, os vizinhos usam para passear com outras crianças.
Por enquanto, ele não carrega mais cimento e está trabalhando com reciclagem”, disse ao G1 a mãe do menino, Geice Nunes Ferreira, de 16 anos.
A empresária Leila Kemp, de 54 anos, comentou que faz trabalho comunitário há 3 anos na região e conheceu o casal e o menino Luan. “Eu sempre ajudei, mas nunca havia ido pessoalmente.
Então, quando o pessoal foi despejado das proximidades do lixão, decidi fazer uma visita na comunidade. Com o tempo, fui conhecendo todo mundo lá.
E, recentemente, umas amigas quiseram ir comigo e ficaram chocadas ao ver o menino com o bercinho de carriola”, comentou.
Ainda conforme Kemp, o bebê já recebeu doações de roupinha, fraldas, cobertores e ela agora busca pessoas interessadas em doar o berço. “São muitas crianças lá que queremos ajudar, sem interesse financeiro e religião e ONG [Organização Não Governamental] envolvida”, finalizou.
Quem quiser ajudar pode entrar em contato com a Leila, pelo telefone: (067) 99902-8102.
CAMPO GRANDE – MT
Via- Henrique Alves