Maicon Esteves ficou 4 dias perdido em selva depois que avião caiu e pegou fogo. Ele diz que teve alucinações se despedindo da família e só pensou na filha que ainda não nasceu.
O piloto paranaense Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, que sobreviveu após uma queda de avião em Mato Grosso, deu entrevista exclusiva ao Fantástico neste domingo (2) e relatou como conseguiu sair vivo da queda da aeronave.
Ele estava a bordo de um avião agrícola que caiu e pegou fogo no dia 4 de novembro em uma região de mata fechada em Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá.
Ainda internado no hospital em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, ele disse que depois do acidente, enquanto estava perdido, só pensava na filha dele – que ainda vai nascer.
Maicon mora no Paraná e foi contratado por um fazendeiro. No dia 3 de novembro, ele pegou a aeronave em Porto Nacional, no Tocantins, e parou em Confresa, a 1.160 km de Cuiabá, para abastecer.
Depois de uma hora da decolagem, quando o avião sobrevoava o munícipio de Peixoto de Azevedo, o motor esquentou.
“Fui perdendo potência. Os tanques estavam cheios. não foi pane seca. Eu gritava: meu Deus, eu vou cair agora, eu vou cair”, lembrou.
Maicon ainda tentou controlar o avião.
“Fui trazendo ele para cair de barriga, porque se ele caísse de ponta, as asas iam abraçar as árvores. Aí que seria pior”, comentou.
Assim que a aeronave caiu, começaram as chamas. Quando o piloto conseguiu soltar o cinto de segurança e abrir a porta do avião, ele saiu correndo meio desnorteado.
Piloto foi resgatado com vida, em meio à selva em Peixoto de Azevedo — Foto: Arquivo pessoal
Alguns metros à frente, ele parou, voltou e pegou o celular que tem um aplicativo com um mapa da região.
Quando Maicon percebeu que havia um córrego perto, a cerca de 1,5 km, ele seguiu em direção a ele, mata adentro, com o rosto e os dois braços queimados.
O piloto disse que sentia muitas dores por causa das queimaduras graves. Além disso, caminhar na mata fechada era quase impossível.
Ele conseguiu achar o córrego, onde foi encontrado quatro dias depois.
“Cheguei num momento que dei uma dormida e uma certa alucinação que eu tava despedindo do meu pai, da minha mãe, da minha família”, revelou.
Maicon também tinha uma razão que o motivou a continuar lutando pela vida: a namorada dele está grávida e ele será pai pela primeira vez. A criança se chamará Bianca.
“O que eu tinha força era a minha filha. Se não fosse ela, eu acho que não ia ter tanta força não”, afirmou.
Grupo fez maca improvisada com roupas e madeira para resgatar o piloto da mata em Peixoto de Azevedo — Foto: Arquivo pessoal
No quarto dia perdido na floresta, o piloto achou que ia morrer.
“Pedi a Deus ao menos alguns anos de vida só para poder ter a minha filha. Eu comecei a gritar por socorro, e eu escutei uma pessoa gritando. Aí eu vi que não era alucinação”, lembrou.
Alguns metros à frente, ele parou, voltou e pegou o celular que tem um aplicativo com um mapa da região.
Quando Maicon percebeu que havia um córrego perto, a cerca de 1,5 km, ele seguiu em direção a ele, mata adentro, com o rosto e os dois braços queimados.
O piloto disse que sentia muitas dores por causa das queimaduras graves. Além disso, caminhar na mata fechada era quase impossível.
Ele conseguiu achar o córrego, onde foi encontrado quatro dias depois.
“Cheguei num momento que dei uma dormida e uma certa alucinação que eu tava despedindo do meu pai, da minha mãe, da minha família”, revelou.
Maicon também tinha uma razão que o motivou a continuar lutando pela vida: a namorada dele está grávida e ele será pai pela primeira vez. A criança se chamará Bianca.
“O que eu tinha força era a minha filha. Se não fosse ela, eu acho que não ia ter tanta força não”, afirmou.
Grupo fez maca improvisada com roupas e madeira para resgatar o piloto da mata em Peixoto de Azevedo — Foto: Arquivo pessoal
No quarto dia perdido na floresta, o piloto achou que ia morrer.
“Pedi a Deus ao menos alguns anos de vida só para poder ter a minha filha. Eu comecei a gritar por socorro, e eu escutei uma pessoa gritando. Aí eu vi que não era alucinação”, lembrou.
Logo depois da queda, os funcionários da fazenda pediram ajuda e uma grande equipe de buscas foi atrás do piloto.
Além das queimaduras, Maicon teve infecções e insuficiência renal. Antes da queda, pesava 105 kg. Depois de 4 dias sem comer, estava com 116 kg.
“Ele ganhou peso porque está inchado, teve grandes queimaduras que levaram a formar aquelas bolhas, os edemas”, disse o médico Daniel Magnone.
Última foto que o piloto Maicon Semencio Esteves mandou para a família antes do acidente — Foto: Arquivo pessoal
O piloto passou 16 dias na UTI, fez cirurgias plásticas reparadoras, e está em fase final de recuperação, ainda em Mato Grosso.
As causas do acidente estão sendo investigadas pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Maicon, que sempre quis ser piloto desde criança, mudou de ideia depois do acidente.
“Minha intenção é não se aventurar mais atrás da aviação e ficar perto da família. Para mim, a aviação acabou”, finalizou.