Metade da população de Florianópolis está acima do peso, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2017, divulgada nesta semana.
O estudo feito pelo Ministério da Saúde apontou que 15% dos habitantes da capital estão obesos e que 49,8% têm excesso de peso.
O médico Marcos Túlio Silva, cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo do Hospital Regional de São José, disse que as características culturais da cidade estão entre os fatores que contribuem para esses índices.
“A colonização da Grande Florianópolis influencia os hábitos alimentares da população. Descendentes de italianos, portugueses, tendem a comer muita massa, que é carboidrato. O pirão d’água é pura farinha, é o que mais engorda”, ponderou.
Pesquisa
A Vigitel é realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde. Entre fevereiro e dezembro do ano passado foram entrevistadas 53.034 pessoas no país.
A favor dos moradores da capital catarinense estão o consumo regular de frutas e hortaliças, que, como apontou a pesquisa, cresceu 5,7% de 2008 a 2017. A prática de atividade física no tempo livre também aumentou de 2009 a 2017, chegando a 119%. Enquanto isso, o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 44,5%.
Como parâmetro de avaliação do excesso de peso, a Vigitel leva em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC), que possibilita uma classificação em relação ao peso e saber de complicações metabólicas e outros riscos para a saúde.
Doenças associadas
O excesso de peso também está associado a várias doenças, disse o cirurgião bariátrico Marcos Túlio Silva.
“À obesidade estão associadas diabetes, pressão alta e colesterol. O paciente tem 20 vezes mais chances de desenvolver câncer. Eles me perguntam: ‘doutor, qual a vantagem de fazer a cirurgia bariátrica?’ eu sempre respondo: você vai ganhar 15 anos de vida”, falou.
Facilidades calóricas
Silva explicou ainda que o consumo de alimentos processados e fast foods, opções para uma parcela da população com relativo poder aquisitivo e sem tempo para preparo de refeições, também colabora para esses índices.
“De outro lado, os mais pobres acabam por se alimentar com artigos de custo inferior, que são bolachas, pães, também muito calóricos”, explicou Marcos.
Uma equipe multidisciplinar, com médicos, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas atendem pacientes que chegam em busca de redução de peso no Hospital Regional de São José.
Spa pelo SUS
Segundo o cirurgião, o Hospital Santa Teresa em São Pedro de Alcântara é uma referência na rede SUS (Sistema Único de Saúde) para perda de peso por pacientes com obesidade mórbida.
“Proposta semelhante no país, há apenas no hospital da USP. Na prática funciona como se fosse um spa. Às vezes, o paciente precisa fazer a bariátrica, mas está muito acima do peso permitido para uma cirurgia com segurança. Então, nós o internamos e ele passa a ser acompanhado 24 horas por uma equipe de profissionais focados na redução do peso”, explicou.
Em geral, a internação dura entre quatro e seis semanas e tem um custo por paciente que não passa de R$ 1,5 mil ao estado. “Esta valor é muito inferior ao custo de uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e toda estrutura para uma cirurgia de risco no caso de um paciente com muito peso”, declarou.
G1