De acordo com Raimundo, ele levou 13 pontos nos ferimentos da cabeça e chegou a receber sete bolsas de sangue.
Nesta segunda (20) a Polícia Civil de Roraima informou que até agora nenhum suspeito do crime foi preso e que as investigações sobre o caso estão em andamento.
“Foram quatro venezuelanos porque eu entendo o idioma. Tenho certeza que eram venezuelanos. Me colocaram dentro de casa e iniciaram a tortura. Eu já estava todo manchado de sangue e eles pediam dinheiro e ouro. Queriam me matar”, relembrou Raimundo.
Rastro de destruição foi visto pelas ruas de Pacaraima, ao Norte de Roraima, na tarde do domingo (19), dia do tumulto na cidade (Foto: Inaê Brandão/G1 RR/Arquivo)
Após o crime, segundo Raimundo, os assaltantes fugiram levando o dinheiro. O comerciante contou que mora há 27 anos na cidade fronteiriça e cobrou mais segurança para os moradores.
“Eu espero que [a segurança] em Pacaraima melhore. Quero terminar de criar meu filho, viver a minha vida, sem violência”, afirmou.
Assalto na casa do comerciante
Também em entrevista, o comerciante explicou como o crime ocorreu. Segundo a PM, o crime foi por volta das 19h do sábado (18). Ele e a esposa, de 36 anos, estavam em casa quando foram surpreendidos pelos assaltantes.
Raimundo contou que ele foi o primeiro a ser rendido pelos assaltantes. Ele disse que ainda estava do lado de fora e chegou a pensar que se tratava de uma brincadeira.“Eu estava chegando em casa e minha esposa abriu a porta. Depois virei para ver uma situação das galinhas. Um deles [criminosos] me agarrou por trás, pensei que fosse um amigo, mas quando senti que era um assalto, peguei ele firme e os outros reagiram. Os que estavam atrás vieram contra mim”, disse Raimundo.
Segundo a vítima, foi nesse momento que um dos assaltantes começou a golpeá-lo com uma chave de fenda. Depois disso, ele contou que tentou gritar, mas acabou perdendo os sentidos.
Em seguida, ele contou que foi levado para dentro da residência pelos criminosos e foi novamente agredido. Após o ato, os quatro criminosos fugiram. Na noite do crime a PM chegou a fazer buscas na região, mas nenhum dos criminosos foi localizado.
Ferido, Raimundo teve de sair da cidade e seguir para Boa Vista em um carro civil, porque a ambulância do Hospital de Pacaraima Délio Tupinambá não estava na cidade e a da operação Acolhida – ação que atende os imigrantes – não foi cedida. Ela estava com um retrovisor quebrado, segundo a assessoria da operação.
No caminho até a capital, no entanto, o veículo em que Raimundo estava e a ambulância de Pacaraima se cruzaram, e ele foi socorrido e transportado nela até o Hospital Geral de Roraima, na capital. Ele recebeu alta por volta das 10h deste domingo (19), segundo funcionários da unidade.
Nos ataques que aconteceram no sábado, brasileiros destruíram acampamentos de venezuelanos e queimaram seus pertences. Ao menos 100 imigrantes se refugiram em um prédio da Secretaria da Fazenda, e precisaram ser levados em ônibus sob escolta policial até a fronteira.
Moradores disseram que os imigrantes revidaram à expulsão atacando carros com placas brasileiras do lado venezuelano da fronteira.
A delegada geral do estado, Giuliana Castro, também informou à agência de notícias Reuters que 30 brasileiros que faziam compras na fronteira foram atacado por venezuelanos e precisaram ser levados para um abrigo durante o tumulto.