Início Saúde
Oplus_131072

Itamargarethe Corrêa LimaJornalista-radialista-advogada, pós-graduada em direito tributário, penal e processo penal, pós graduanda em direito civil, processo civil e docência do ensino superior.

Em mais um de nossos encontros, propõe-se uma reflexão sobre um tema que, embora recorrente, jamais se esgota: a depressão e suas múltiplas faces.

O artigo de hoje inaugura uma nova série dedicada a compreender as dores invisíveis que se escondem por trás de sorrisos e imagens aparentemente perfeitas.

A depressão continua sendo um dos temas mais urgentes e, paradoxalmente, mais silenciados da sociedade moderna.

Ela atravessa fronteiras sociais, econômicas e emocionais, mostrando que o sofrimento não escolhe rostos, cargos ou classes.

O caso de uma empresária morta em 2023, em São Luís, e o recente episódio envolvendo uma jovem vereadora de uma cidade do interior do Maranhão chamam atenção para o mesmo ponto: a dor pode habitar vidas que parecem perfeitas.

Ambas projetavam imagens de plenitude, sucesso e influência, mas carregavam uma tristeza que o mundo digital não consegue enxergar. Essas histórias revelam a contradição entre o que se vê e o que se sente.

Em uma era dominada por telas, a felicidade tornou-se um produto, e a tristeza, um tabu. No ambiente digital, a validação externa substitui o afeto real. O sofrimento é escondido por vergonha, e a vida se transforma em uma vitrine cuidadosamente editada com filtros.

Estatisticamente, os números evidenciam o tamanho do problema que muitos insistem em ignorar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, sendo esta a principal causa de incapacidade laboral. O suicídio tira cerca de 800 mil vidas por ano — uma a cada 40 segundos.

No Brasil, 12 mil pessoas morrem anualmente dessa forma, e 60% dos casos estão ligados a transtornos depressivos. Entre 2010 e 2019, quase 24 mil mulheres morreram por suicídio, uma média de seis por dia.

No mesmo período, 68% das mais de 330 mil tentativas registradas foram femininas. A faixa etária mais atingida está entre 15 e 29 anos, e o suicídio figura como a segunda principal causa de morte entre adolescentes e a quarta entre jovens adultos.

Esses dados expõem uma sociedade pressionada por padrões inalcançáveis de sucesso e felicidade. Vivemos uma época em que o “ter” substituiu o “ser”.

A busca pela casa perfeita, o corpo ideal e o estilo de vida invejável tem cobrado um preço alto. Quando a realidade não acompanha o padrão idealizado, nasce o sentimento de insuficiência e o medo de fracassar.

A vida, então, se esvazia. E o sorriso nas redes, tantas vezes admirado, esconde uma batalha interna silenciosa. Em nosso próximo encontro, a reflexão continuará sob o olhar da fé, da esperança e da reconstrução interior. Até breve.

Artigo anteriorCoronel da Diretoria de Saúde e Promoção Social da Polícia Militar da Maranhão, age com prontidão durante deslocamento ao trabalho
Jornalismo Faculdade Estácio MA Especialistas em Marketing Digital RP -19-03MA Blogueira por paixão