Início Brasil Mãe, pai, avô. O drama de quem perdeu vários parentes para a...

Mãe, pai, avô. O drama de quem perdeu vários parentes para a Covid-19

14
0

A pandemia do novo coronavírus criou uma mórbida rotina: pessoas enterrando mais de um familiar em intervalo de poucos dias.

O Distrito Federal ultrapassou a marca de 7 mil mortes em decorrência do novo coronavírus.

Esse número foi contabilizado na última quinta-feira (15/4), totalizando 7.049 pessoas.

Alguns brasilienses enfrentaram essa tragédia de forma ainda mais dolorosa, com a perda de mais de um parente num intervalo de dias.

Há uma semana, no domingo (11/4), a massoterapeuta Leda Maria Aleixo Oliveira perdeu a batalha contra a doença, aos 51 anos, depois de alguns dias hospitalizada no DF.

Antes dela, os parentes haviam chorado a morte da irmã mais velha de Leda, Meirivania Aleixo dos Santos, 53, falecida há oito meses.

Um dia depois da massoterapeuta, na segunda-feira (12/4), morreu o patriarca da família, Emílio Ferreira dos Santos, 74.

A filha de Leda, a secretária-executiva Gabriela Aleixo, 32, conversou com a reportagem e expôs o sofrimento por ter perdido três entes queridos — mãe, a tia e o avô — em tão pouco tempo.

A filha de Leda, a secretária-executiva Gabriela Aleixo, 32, conversou com a reportagem e expôs o sofrimento por ter perdido três entes queridos — mãe, a tia e o avô — em tão pouco tempo.

“Não há como explicar, é uma situação muito delicada. Uma dor que não passa, de cortar o coração. São pessoas muito próximas, que faziam parte do nosso cotidiano. A força vem de Deus. Só queremos acreditar que ele está cuidado dos nossos agora” afirmou Gabriela.

Além da infecção recente de Emílio e Leda (foto de destaque), outros integrantes da família, todos moradores do Varjão, também testaram positivo para a Covid-19.

Emílio e a filha Meirivania. Os dois faleceramArquivo pessoal/ Material cedido ao Metrópoles

Além da infecção recente de Emílio e Leda (foto de destaque), outros integrantes da família, todos moradores do Varjão, também testaram positivo para a Covid-19.

Leda pegou a doença do pai e acabou passando para o marido. Gabriela foi infectada pela mãe e transmitiu o vírus para o pai e para o esposo.

“Os nossos parentes que morreram, todos tinham fatores agravantes da doença. Eram hipertensos, minha mãe tinha diabetes e minha tia estava com problemas respiratórios.
Infelizmente, o meu avô havia tomado somente a primeira dose da vacina e não resistiu. Não queremos mais perder ninguém”, acrescentou a jovem.

Casal não resistiu
Uma família moradora do Setor Habitacional Sol Nascente está de luto e vive o descontrole da pandemia de forma cruel.

Depois de perderem o patriarca para a doença, os Nunes receberam a notícia do óbito da mãe, após terem concluído o enterro do pai.

O casal vítima do novo coronavírus estava junto há 47 anos. A morte do aposentado Antônio Nunes, 67, aconteceu dois dias antes do falecimento da esposa, a dona de casa Francisca Nunes, 65. O sepultamento dele ocorreu no primeiro sábado de abril (3/4); o dela, no domingo de Páscoa.

Antônio e Francisca deixaram quatro filhos e sete netos. Todos moravam no mesmo condomínio, no Sol Nascente.

Antônio e Francisca eram maranhenses. Eles tiveram contato com o coronavírus numa viagem à terra natal que fizeram com objetivo de trazer uma irmã de Antônio — Maria Azevedo Silva, 81 — paraBrasília.

Como estava há mais tempo com a doença, Maria foi a primeira a procurar ajuda médica, no início de março. Ela faleceu uma semana depois.

O casal estava internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

A família conseguiu juntar o leito deles dentro do hospital, mas isso durou pouco, porque logo Antônio precisou ser transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI).

Francisca e Antônio eram casados há 47 anosMaterial cedido ao Metrópoles

Agora, sem eles, os parentes buscam superar o luto e honrar a memória do casal.

“Tudo os lembra. Todos os dias, nós tomávamos café da manhã juntos. É a hora mais difícil de ficar sem o pai e a mãe. Nunca havíamos passado pelo luto.

Quando reunimos os quatro irmãos, a gente chora muito e tenta entender o porquê de ter acontecido conosco. Só o tempo para curar a nossa dor e restabelecer o nosso emocional”, lamentou uma das filhas do casal, a autônoma Marlucia Nunes Dias, 44.

1º funcionário vítima do coronavírus no Hran
A vendedora Rosicleia Gerônimo da Silva, 29, era casada havia mais de uma década com o técnico em enfermagem Hiran Rodrigues Lima, 47.

Juntos, tiveram duas filhas, Ângela Ingrid, 14, e Ana Júlia, 4. A família está em luto desde julho do ano passado.
Há nove meses, Hiran foi o primeiro funcionário do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) a falecer por causa da Covid-19 na unidade de saúde, referência para o tratamento da doença no DF.

Com diferença de um dia, o irmão de servidor do Hran, Ivaldo Rodrigues, 43, também morreu vítima do coronavírus. Há três semanas, no fim de março de 2021, um sobrinho dos dois, Júnior, 32, perdeu a vida no DF.

Em meio à dor, a viúva do profissional da saúde segue tentando honrar o legado das pessoas amadas: “Eu sigo aqui cuidando do que restou da minha família, das minhas filhas. Tive de sair do trabalho, e estou com elas para manter a minha casa.
A minha filha mais velha não aceitou a perda do pai. É muito complicado viver com a ausência dele. Era o refúgio”.

Rose, como gosta de ser chamada, classificou a infecção como uma tragédia que ceifou a vida do homem que ela tinha como referência.

“Entrei na Justiça para que a Secretaria de Saúde do DF possa reconhecer os erros que cometeu com o meu marido. Ele era diabético, trabalhou o tempo inteiro na linha de frente no combate à crise sanitária e reclamava muito da falta de condições de trabalho no começo da pandemia. Ele não deveria ter permanecido. Poderia ter sido afastado. Estou cobrando as respostas. Queremos Justiça e os nossos direitos”, disse a vendedora.

O Metrópoles entrou em contato com a pasta e aguarda uma posição sobre os questionamentos relativos a uma possível indenização para a família de Hiran.

Hiran com a esposa e as filhasImagem cedida ao Metrópoles/Arquivo pessoal

Ainda segundo Rose, em fevereiro deste ano, ela se matriculou no curso de técnico em enfermagem para seguir os passos do marido. “Estou fazendo em homenagem a ele.

Um profissional que amava o que fazia e era destaque naquilo. Deu a vida pela dedicação ao trabalho. Quero e vou dar um futuro melhor para as minhas meninas”, alegou.

Outros casos no DF
Em reportagem recente, o Metrópoles noticiou que o ex-administrador do Guará Divino Alves, a esposa dele, Sileia Alves, e o filho mais velho do casal, Ewerton Alves, morreram em decorrência da doença num intervalo de 10 dias.

Divino faleceu em 3 de abril. Sileia, a segunda vítima da família, morreu dia 11 do mesmo mês.

E Ewerton foi a óbito na madrugada do dia 13. A família é muito querida por moradores do Guará, onde Divino exerceu a função de administrador. Divino e Sileia deixam dois filhos, e Ewerton (na foto em destaque abaixo, à direita), três.

Liderança conhecida no Guará, Divino comandou a Diretoria Regional de Ensino de Brazlândia e do Guará, e foi também diretor administrativo da Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap), diretor financeiro da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), diretor administrativo do Banco de Brasília (BRB) e presidente da Companhia do Metropolitano (Metrô-DF).

No fim de março, em um mesmo fim de semana, a guitarrista de jazz Marlene Souza Lima perdeu a irmã e produtora, Lubélia Lima, e o sobrinho, o também produtor Bruno Lima, para a Covid-19.

Antes das mortes, Marlene tinha anunciado uma série de lives para celebrar os 35 anos de carreira. Os eventos seriam transmitidos até 24 de abril, às 20h.

A guitarrista mudou as lives para homenagear a produtora, que a ensinou a tocar e foi a maior incentivadora de sua trajetória na música.

https://www.metropoles.com/distrito-federal/mae-pai-avo-o-drama-de-quem-perdeu-varios-parentes-para-a-covid-19

Artigo anteriorMonique, mãe de Henry, comprou câmera de segurança, mas não instalou
Próximo artigoMulher dá tiros dentro de delegacia após tomar arma de policial
Jornalismo Faculdade Estácio MA Especialistas em Marketing Digital RP -19-03MA Blogueira por paixão

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui