Mariana Mendes nasceu com uma pinta no rosto, mas nunca viu a marca como um tabu. Hoje, ela usa a internet para falar sobre autoestima
A influenciadora digital Mariana Mendes, de 31 anos, tem uma pinta de nascença, de tamanho médio, no rosto. Se, para algumas pessoas, tal marca representaria um problema, nas palavras da influencer, o traço é o que a torna única.
Hoje, Mariana usa as redes sociais e seus mais de 170 mil seguidores para levar aceitação e questionar os padrões de beleza.
O é um nervo, chamado de melanocítico congênito, consequência da proliferação de células benignas que derivam de melanócitos durante a vida intrauterina.
De Patos de Minas, em Minas Gerais, a influenciadora digital contou, em entrevista à revista Marie Claire, que a pinta a acompanha desde o nascimento e que, nos primeiros dois meses de vida, a marca já estava totalmente desenvolvida.
“Ela apenas acompanhou meu crescimento. Ao contrário do que alguns pensam, ela não me traz nenhum malefício e eu consigo fazer o autoexame para saber se tem algum relevo, mudança de cor ou de tamanho. Para você ter ideia, a minha dermatologista se preocupa mais com as minhas sardas, que são muitas, do que com a pinta. A chance de eu ter qualquer problema com ela é baixo”, detalhou
Apoio da família
Como o traço a acompanha desde o nascimento, Mariana disse que sempre encarou tudo com naturalidade e que, nesse processo de aceitação, a família, em especial a mãe, representou um papel significativo. A matriarca fez questão de não fazer a pinta se tornar um tabu para a menina ou para os que estivessem ao redor
Para isso, estudar na mesma escola e crescer com os mesmos amigos a ajudou a encarar o processo de maneira leve e positiva.
“Quando alguém comentava que eu era feia ou falava sobre a pinta de maneira negativa, ela (a mãe) sabia lidar e passar por cima da situação. Cresci ouvindo ela me elogiar. Se diziam que o meu rosto estava sujo, ela fazia questão de responder que era justamente a pinta que me tornava única”, relembrou.
De acordo com a influenciadora, na adolescência, por exemplo, ela estava mais preocupada com a roupa que usaria do que com o rosto: “A pressão estética que eu sentia, não era relacionada à pinta”, contou.
Claro que crescer cercada por amor e acolhimento fez com que Mariana não ligasse para comentários maldosos, mas isso não impediu que ela os recebesse. Na avaliação da influenciadora, falta informação.
Inspiração e representatividade
Aos 18 anos, Mariana saiu de Patos de Minas para estudar. Ela chegou a fazer alguns trabalhos como modelo, mas acabou encontrando, nas redes sociais, um canal de comunicação para falar sobre beleza e aceitação.
O caminho para alcançar a marca de 176 mil seguidores no Instagram teve início em 2018 após a mineira ter sido descoberta por um jornalista do The Sun. Ao ser abordada pelo profissional, que notou a forma positiva com que Mariana lidava com a pinta, ela topou falar sobre autoestima, algo que nunca havia feito. Após o ocorrido, a influencer foi convidada para programas de auditório e a história alavancou ainda mais.
Para além do trabalho com marcas, as redes sociais são um espaço no qual a modelo pôde conhecer a história de outras meninas que também têm pinta de nascença. “Falar sobre o assunto na internet é uma forma de dizer: ‘Olha, nós existimos’, e de ajudar quem ainda está em processo de aceitação. Está tudo bem ser diferente, agora cabe a nós questionar os padrões”, afirmou.
Já mais velha, Mariana detalhou que nunca teve dúvidas: em nenhum momento tirar a pinta passou pela sua cabeça. Para ela, isso significa deixar de ser quem é. “Eu me acho linda assim… Nasci assim e nunca pensei em uma versão minha em que ela não estivesse no meu rosto.”