O caso em questão aconteceu há alguns dias, porém o que chama atenção é que esses eventos eles não são tão raros assim, e acontece perto de você.
Recentemente recebi uma informação de que uma mãe de um menino autista foi denunciada ao conselho tutelar por conta das atitudes do filho.
A intolerância, e falta de compreensão é a razão do sofrimento dessas crianças especiais e seus pais, é algo muito sério que requer uma atenção do governo no sentido de orientar a população de cada estado, município, sobre a importância do bom tratamento aos portadores do autismo e suas famílias que já sofrem em demasia.
O que falta mesmo é informação, a maioria desconhece o nível especial da criança e a trata como débil mental ou como doida e isso é realmente uma tragédia, pois uma criança normal reage mal ao buling o que dizer sobre os especiais, quando se deparam com intolerância e exclusão por sua natureza?.
A intolerância nesse caso no México causou a morte dessa mãe queimada viva, mas até quando vamos ter que ouvir falar desses casos para que seja tomada medidas serias no sentido de informar? A desinformação é que causa a violência como já dizia Odorico Paraguaçu em o Bem Amado, novela da rede Globo, “A ignorância é que atravanca o progresso”.
As populações necessitam de informações sobre as crianças especiais e seus comportamentos no sentido de frearmos os bulings e a violência como um todo.
Eis o caso do México
O brutal assassinato de mulher queimada viva que causa comoção no México
Mãe de um filho autista, Padilla vinha denunciando ameaças de morte e problemas com sua vizinhança há meses. Após denúncias, ela foi assassinada
“Quanto tempo vou ter que viver com medo?”
Foi o que se perguntou Luz Raquel Padilla Gutiérrez em 17 de maio, quando publicou no Twitter as fotos de uma mensagem ameaçadora que foi pichada nas escadas de seu apartamento em Zapopan, no Estado de Jalisco, no México.
“Vou te queimar viva”, “Você vai morrer, machorra (vaca)”, dizia.
https://twitter.com/GutirrezPadilla/status/1535317649751670786?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1535317649751670786%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fd-39495212402173058600.ampproject.net%2F2207071723000%2Fframe.html
Pouco mais de dois meses depois, Padilla morreu nesta terça-feira (19/7) por queimaduras sofridas no último sábado (16/7), quando um grupo de pessoas a encharcou de álcool e a queimou em um parque perto de sua casa.
Padilla, de 35 anos, havia feito uma denúncia na delegacia contra um vizinho por problemas de convivência e suposta agressão física e verbal, a partir da qual foi instaurado um inquérito.
No mesmo dia em que publicou as fotos das ameaças, ela também afirmou ter sido atacada por seu agressor com cloro industrial.
O Ministério Público de Jalisco informou nesta quinta-feira (21/7) a prisão de um de seus vizinhos, Sergio Ismael “N”, como suspeito dos crimes de “lesões, ameaças e crimes cometidos contra a dignidade das pessoas” após a denúncia apresentada por Padilla.
O subsecretário de Segurança, Ricardo Mejía, declarou que o detido compareceu perante as autoridades na quarta-feira (20/7) como testemunha em relação ao processo aberto por esse assassinato.
No entanto, esclareceu que sua prisão está vinculada a esse processo criminal anterior e “independente” do caso de feminicídio, embora “eventualmente também possa ser indiciado por esse crime”, disse.
Padilla era mãe e cuidadora de um filho de 11 anos diagnosticado com autismo. Segundo a organização Yo Cuido México — à qual ela pertencia e que reúne outros cuidadores de pessoas dependentes — “as constantes ameaças de morte” se deviam à “intolerância aos barulhos que seu filho fazia em momentos de crise”.
“Ela se dedicava totalmente a cuidar do filho (…). Era a vida dela estar ao lado do filho”, lembra Mily Cruz Díaz, coordenadora em Jalisco do coletivo Yo Cuido México.
A criança está atualmente sob os cuidados da avó e da tia.
A brutalidade do caso, as ameaças anteriores e os pedidos frustrados de proteção de Padilla perante as autoridades estão chocando a população e causam indignação em um país assolado por uma crise de feminicídios.
Possíveis agressores
Após o crime, a polícia e os serviços médicos municipais foram ao local, onde encontraram a vítima com queimaduras – que posteriormente foram estimadas no hospital em mais de 80% do corpo.
Vários meios de comunicação mexicanos informam que, segundo testemunhas, o grupo agressor era composto por cinco pessoas: quatro homens e uma mulher.
Desde então, o Ministério Público de Jalisco disse que está realizando “várias ações tanto em campo quanto no gabinete para obter informações sobre a identidade dos agressores”.
O vizinho denunciado por Padilla voluntariamente apareceu para depor na quarta-feira, segundo o promotor de Jalisco, Luis Joaquín Méndez Ruiz.
Ele foi interrogado e posteriormente foi expedido o mandado de prisão divulgado nesta quinta-feira pelas supostas agressões que a jovem havia denunciado.
“De acordo com os primeiros dados obtidos na pasta de investigação, não há informações que coloquem essa pessoa no local onde ocorreram os fatos (o assassinato de Padilla). No entanto, ainda está sendo investigado como uma das possíveis linhas de investigação”, informou o Ministério Público
Problemas de convivência
Padilla estava tendo dificuldades com vários de seus vizinhos e frequentemente postava sobre isso no Twitter.
Além de denunciar a pichação ameaçadora e o ataque com cloro, a vítima também reclamou do barulho dos vizinhos, do bloqueio do acesso ao terraço, da realização de festas e de manter um cachorro nas áreas comuns.
Em seus posts, ela mencionava autoridades como a polícia de Zapopan.
Em 15 de julho, um dia antes de ser atacada fatalmente, a vítima mostrou sua frustração depois que um de seus vizinhos enviou uma patrulha após uma crise de seu filho.
“Como é possível que meu vizinho envie uma patrulha por causa de uma criança com autismo e epilepsia, por ter uma ou mais crises e bater nas paredes”, reclamou no Twitter.
Em seus posts, ela mencionava autoridades como a polícia de Zapopan.
Em 15 de julho, um dia antes de ser atacada fatalmente, a vítima mostrou sua frustração depois que um de seus vizinhos enviou uma patrulha após uma crise de seu filho.
“Como é possível que meu vizinho envie uma patrulha por causa de uma criança com autismo e epilepsia, por ter uma ou mais crises e bater nas paredes”, reclamou no Twitter.
O caso provocou choque e indignação no México.
Como em outros feminicídios no país, muitos cobram mais responsabilidade das autoridades pelo que consideram um trabalho insuficiente para proteger as mulheres.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, referiu-se ao caso como algo “triste, seu filho doente e ela queimada”.
“Talvez pela minha formação em ciências sociais, eu atribua tudo isso ao processo de individualização que foi promovido no período neoliberal”, disse ele em referência a este caso e também ao do jovem Debanhi Escobar, para o qual pediu “imprimir valores e fortalecer os que já temos” para alcançar “uma sociedade melhor”.
No caso de Padilla, a organização Yo Cuido México diz que a vítima não recebeu “a devida atenção ou acompanhamento” após se apresentar à delegacia de Zapopan.
O grupo também afirma que Padilla teve seu pedido negado para participar do programa Pulso de Vida, “considerando que as ameaças que ela recebeu de ‘terceiros’ não eram motivo suficiente para ser beneficiária”.
O Pulso de Vida é um instrumento com sistema de localização e botão de pânico que envia um sinal de socorro para que, em caso de emergência, a patrulha mais próxima do solicitante possa prestar assistência.
A Comissão Estadual de Direitos Humanos de Jalisco anunciou o início de uma denúncia pela “suposta falta de diligência reforçada na atenção e acompanhamento contra o Ministério Público e a Delegacia de Polícia de Zapopan”.
Por sua vez, Enrique Alfaro, governador de Jalisco, garante que Luz tinha medidas de proteção em vigor. “Houve patrulhas de vigilância e atenção pessoal, mas nada foi suficiente diante de tamanha atrocidade”, disse Alfaro.
“É obrigação das autoridades aplicar medidas efetivas para proteger as mulheres que denunciam e testemunhas de violência de gênero antes, durante e depois de ações judiciais”, tuitou a agência das Nações Unidas, ONU Mulheres, em uma mensagem na qual condena o assassinato de Padilla.